
Quando comecei as aventuras com o Coreldraw(*1) em meados da versão 7 rodando no Windows 95, confesso que nunca almejei conseguir um emprego nesse meio. Mas aconteceu.
Um amigo indicou e logo fui eu para a entrevista. A recepcionista apresentou ao telefone: “O rapazinho do computador está aqui na recepção". Eu achei o máximo! Uau, agora eu tinha um título "tá pensando o quê". Decepcionei-me quando no crachá me intitularam como Operador de Computador. Nada contra os operadores de computador, mas o que aconteceu com o rapaz descolado? Demorou um pouco para entender que eu era só mais um simples colaborador em uma organização imensa.
Muitos outros crachás vieram de lá pra cá.
Hoje, com mais de seis anos após pegar meu canudo, ainda tento entender a complexidade do relacionamento empresa versus pessoas. Digo isso no ponto de vista do consumidor. As organizações repetem os fatos do nosso cotidiano. Eu não gosto da minha vizinha bisbilhoteira, mas todo dia ao sair para o trabalho, eu a cumprimento com um belo sorriso. O mesmo acontece nas organizações. Tem sempre um subordinado que teima em não realizar sua tarefa com qualidade, mesmo que isso comprometa todo o processo pelo qual a sua "cabeça está a prêmio"... E no churrasco de fim de ano vem aquele abraço gentil e apertado. Parece que tudo se resolveu em apenas um belo sorriso. E quer saber? Se não resolve, pelo menos ajuda.
O que define um bom profissional não é o crachá ou o seu belo cartão de vista com verniz brilhante. É a capacidade de entender qual é a sua função e executá-la com precisão. Pronto. Direto e reto. Se eu o convido para uma carona, eu tenho que garantir que meu carro esteja em condições mínimas para lhe assegurar um bom retorno. Eu me comprometi com você a dirigir e não preciso exibir meus dotes culinários para cumprir minha missão. E você ficou satisfeito com isso. Talvez numa próxima oportunidade em um jantar quem sabe...
Como o corporativismo imita a vida, as empresas devem cumprir seu compromisso pelo qual se comprometeram. Se eu vendo linha telefônica de celular, tenho que garantir que ela funcione.
E tenho que garantir que meu carona possa me dizer que os bancos do meu carro são péssimos. Isso faz parte do processo, afinal eu o convenci a vir comigo. O relacionamento empresa versus cliente começa muito antes da venda. Começa no convencimento que realmente seu produto cumpre o que promete. E o que você promete, ou sua organização promete, se faz cumprir?
Quando eu abandonei minha promissora carreira de diretor de arte para me "meter" a implementar o relacionamento web 2.0 para qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, o que me motivou foi a carência das pessoas em entender que uma simples carona bem sucedida pode mudar muitos conceitos. Eu ofereci um bom relacionamento cumprindo o que prometi do começo ao fim e "fim de papo".
Conclusão: não importa se você é grande ou pequeno, se tem mil funcionários ou se é apenas o rapazinho do computador, cumpra o que prometeu do começo ao fim e terá muitos amigos querendo sua carona.
(1*) - Coreldraw é um software de design gráfico que hoje está na versão 15.
Fonte: Texto enviado por Eduardo P. Laghi Jr. - www.elaghi.com
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